Em época de eleição no Brasil e também nos Estados Unidos, “Os Candidatos” (“The Campaign”), longa-metragem que estreia nesta sexta-feira, 19, oferece ao espectador uma boa dose de leveza, ao contrário dos debates e do próprio horário eleitoral.
Principalmente por conta do bom humor, o filme dirigido por Jay Roach (“Entrando numa Fria”) tira a plateia do sério e mostra o “lado B” de uma campanha política.
Na fita, depois que o congressista veterano Cam Brady (Will Ferrell, de “Pronto para Recomeçar”) comete uma gafe pública antes de uma eleição, dois lobistas planejam lançar um candidato rival a fim de ganhar influência sobre o seu distrito, na Carolina do Norte. Marty Huggins (Zach Galifianakis, de “Se Beber, Não Case” e “Se Beber, Não Case II”) nunca pensou em ser candidato – até porque ele não leva jeito nem tem as qualidades que um congressista deveria ter –, mas é influenciado a concorrer ao cargo público.
Nada como um bom marqueteiro para fazer o seu candidato aparecer. E daí ele entra no esquema no qual vale tudo: mudança de roupas, de comportamento familiar, até a decoração da casa é alterada para parecer mais “descolado” e atual. Os filhos de um dos candidatos confessam o que fizeram e vira uma espécie de “jogo da verdade”. Hilário!
Os investidores apostam alto em sua candidatura e até se torna carismático aos olhos do povo. Afinal de contas, tal como um dos personagens diz, “quando se tem dinheiro, nada é imprevisível”. A questão é que os tais investidores são inescrepulosos, mudam a origem de produtos vindos da China para convencer os consumidores norte-americanos que estão investindo alto na indústria do seu país.
Quando os dois estão empatados, a campanha se torna uma chuva de insultos e agressões e o circo está armado. Para disputar a atenção dos eleitores, eis que cometem as piores gafes, como bater em bebê, chutar o cachorro que foi astro do filme francês “O Artista” e toda sorte de esquisitices. Qualquer semelhança com as campanhas atuais, aliás, não terá sido mera coincidência.
Além do tema, são os atores que fazem o filme valerem o ingresso. Ferrell e Galifianakis, que também são produtores, têm timing perfeito e trabalham bem neste gênero cômico, sem ser pastelão, mas de modo inteligente e que consegue agradar o espectador com ironia e piadas atuais. Embora o tema seja sério e deva ser discutido, aqui os personagens comentam de maneira engraçada, sem perder o tom da crítica. Os diálogos e os acontecimentos fazem o espectador pensar sobre como as coisas funcionam na política. E que realmente não é simples separar o joio do trigo, principalmente quando se tem a “maquiagem” para disfarçar ao eleitor a personalidade e o caráter de cada candidato.
“Os Candidatos” oferece oportunidade de olhar com visão crítica e ao mesmo tempo engraçada para pontos que realmente importam dentro de uma eleição.