Um dia desses eu estava tão irritada com o mundo, que, conversando com um amigo, ele lembrou do filme estrelado por Michael Douglas, “Um Dia de Fúria” (“Falling Down”), de 1993. Puxei na memória e não veio nada. Então, como de praxe, perguntei para quem sabe. Google, claro!
Nada… não lembrei de nada. O passo seguinte foi procurar o DVD nas minhas lojas virtuais favoritas e adivinha: estava em falta. Os dias foram se passando e eu me esqueci do filme.
Com tantos problemas acontecendo no trânsito no bairro onde eu moro, que está cada vez pior, me recordei do tal filme. Novamente, fui buscá-lo, mas ele estava sendo vendido apenas em Blu-ray e, cá entre nós, não estava disposta a pagar R$ 59,90 por um filme que não conhecia.
Enfim, achei um DVD promocional, que traz dois filmes do mesmo ator, um de cada lado: “Um dia de Fúria” e “Um Crime Perfeito”, por R$ 19,90. Comprei. E no último final de semana tratei de ver o primeiro.
Na fita, Douglas é um desempregado atormentado por estar separado de sua esposa e, consequentemente, de sua filha, sem emprego e preso em um trânsito caótico de Los Angeles.
Eis que, sem ter para onde ir com o carro, ele não teve dúvida: largou o automóvel lá mesmo e seguiu a pé, para descontentamento geral dos outros motoristas que estavam ao seu redor.
Paralelamente à sua história, é contada a de outro homem, Martin Prendergast (Robert Duvall), um detetive em seu último dia de trabalho, já que pretende se mudar para um lugar mais calmo com a sua esposa, pois ela tem medo da violência da cidade grande.
Se o espectador não tem argumentos para se apegar ao desempregado, há de sobra quando refere-se ao detetive, uma vez que trata-se de um homem dedicado ao trabalho e à esposa, tenta resolver os problemas dos colegas e os que são colocados sua mesa de trabalho.
Já o personagem de Douglas, que vive o tal dia de fúria, resolve fazer a justiça com suas próprias mãos e tirar da frente quem quer que apareça em sua direção e adie a sua chegada em casa, já que quer comemorar o aniversário da filha, mesmo que contra a vontade da mãe.
É por essas e outras que o espectador pede ter alguma repulsa pelo personagem, uma vez que ele fica fazendo ligações anônimas para a casa e assustando a família.
Michael Douglas é caricato, faz caras e bocas para mostrar sua insatisfação. O espectador, do lado de cá da tela, fica intrigado e querendo saber o que vai acontecer com sua atitude e por que existe relação com o tal detetive, que, na visão dos colegas, não passa de um covarde.
“Um Dia de Fúria” é um filme divertido, mas deveria ter, ao final, a advertência: “Não faça isso em casa…”