Em 2003, quando foi lançado nos cinemas “Procurando Nemo” (um dos melhores filmes de animação já produzidos pela Pixar), tratei de levar a minha afilhada, então com 10 anos, ao cinema. Sim, ela foi uma desculpa. Levar criança ao cinema para ver filme de animação é sempre uma desculpa para nós, adultos, assistirmos ao filme também.
Embora já trabalhasse com jornalismo, ainda não era especializada em cinema, daí a necessidade de uma desculpa plausível para ir àquela sessão de sábado à tarde juntamente com um monte de outras crianças e seus pais. Naquela ocasião eu tampouco sonhava que, pouco tempo depois, escreveria uma monografia (trabalho da pós-graduação) sobre a Pixar: o mais importante estúdio de animação 3-D.
Depois de comer a pipoca e tomar litros de refrigerante, chegou o que temia: a vontade de ela querer ir ao banheiro. E eu, então, tive de levá-la, no meio do filme… Saco. Mas são coisas que acontecem quando se leva criança ao cinema.
No último sábado, 8, me deu um verdadeiro déjà vu… Sabendo que havia estreado “Enrolados”, novo longa-metragem de animação da Disney, não pensei que pudesse ser criticada por ir ao cinema ver o desenho. Mas tratei de chamar a Milena para ver o filme.
Hoje, com 17 anos, acredite: ela aceitou na hora. E a gente se divertiu bastante, mesmo em meio aos pais e filhos barulhentos naquela sessão de sábado a tarde. (Ah, e ela não quis sair no meio do filme para fazer xixi… Mas saiu correndo assim que acenderam as luzes!)
“Enrolados” (“Tangled”) é o que poderíamos chamar de uma releitura da clássica história de Rapunzel, escrita pelos Irmãos Grimm, sobre a menina de longos cabelos loiros que vive isolada pela “mãe” em uma torre.
Depois de contar uma breve história (narrada pelo apresentador Luciano Huck) sobre a menina que fora tirada do berço da casa de seus pais por uma velha, já que ela tinha os cabelos mágicos, é a vez de o ladrão Flynn Rider (voz de Huck) roubar a coroa da rainha e sair fugindo. Até que encontra a tal torre e conhece Rapunzel.
Entre celtas e vikings no meio do bar imundo, os dois vão partir por vários locais antes de chegarem ao reino, local de onde são lançadas as lanternas todos os anos em comemoração ao aniversário da princesa perdida.
Assim como em todo o filme produzido pela Disney, neste também não houve trégua para aquelas pausas nas quais a personagem de repente começa a cantar e dançar… E, ainda que duble o vilão, quando começa a cantar, não é a voz de Huck. Ótimo por um lado, pois sabemos que desafinaria facilmente, mas não há como negar o quão bizarro isso fica.
A exibição é em 3D e, como manda o figurino no final “todos felizes para sempre”, Flynn acaba se tornando o príncipe que chegou para salvar a princesa montado em seu cavalo branco, o engraçado Máximos!
Outro recurso para divertir a história é o camaleão Pascal, um bichinho que conversa com Rapunzel a seu modo, fazendo caras e bocas e mudando de cor. Um destaque que faz as crianças caírem na gargalhada!
Não dá para negar que após a direção criativa da Disney passar às mãos de John Lasseter, diretor de “Toy Story“, os filmes melhoraram, e muito, em qualidade. Já começou com “Bolt – O Sulpercão” e foi confirmado em “A Princesa e o Sapo“.
E a magia da princesa da Disney renasce quando reconta, de maneira atual e engraçada, a história da menina que joga as tranças para a mãe subir na torre e todo o encantamento do conto de fadas em cores e em três dimensões!