Memória Cinematográfica

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Os blockbusters e os filmes dublados

cinema Coisas da vida 23 julho 2010

O que pode ser mais divertido do que assistir no ci­nema a um filme que você queria tanto ver? Por ou­tro lado, o que pode ser mais frustrante que querer ir ao cinema e não encontrar nada de bom para assistir?

Embora as duas perguntas sejam extremas, não deixam de ser verdadeiras. Explico: nos meses de férias (principalmente durante o verão no hemisfério norte), estreiam os grandes filmes, os chamados blockbusters, que geralmente são procurados pelos adolescentes (o principal público dos ci­nemas atualmente) que, portanto, estão em férias.

Para se ter uma ideia, na última semana, as nove salas do Ci­nemark Tamboré exibiam apenas quatro filmes: “Eclipse” (dublado e legendado), “Encontro Explosivo” (du­blado e legendado), “Shrek Para Sempre” (3D e 35mm) e “Toy Story 3”. Tantas salas e poucos filmes. Não que seja falta de produção, pois há algumas que nem chegam a estrear por falta de sala.

Os números confirmam. Segundo o Filme B, no Brasil há 2.195 salas e, nos Estados Unidos, em torno de 30 mil. Na França, cujo território é menor do que os dois paí­ses citados, são cinco mil telas distribuídas em dois mil cinemas.

Filmes dublados
Além da versão original, o mesmo filme é exibido em versão dublada. Pesquisa realizada em 2008 pela Datafolha ouviu 2.120 pessoas em 10 cidades brasileiras para saber o perfil do frequentador brasileiro de cinema, sob encomenda do Sindicato dos Distribuidores do Rio de Janeiro.

Ao todo, os espectadores foram separados em três categorias: habi­tual, aquele que vai ao cinema pelo menos uma vez a cada 15 dias; médio, ao menos uma vez a cada três meses; e eventual, ao menos uma vez por ano. Segundo a pes­quisa, a preferência pela dublagem se concentra entre os espectadores médio (57%) e eventual (69%). Entre o público mais frequente, há um empate técnico: 46% preferem dublados, e 47%, legendados.

A tendência de filmes dublados, no entanto, não é exclusivamente brasileira. No México também exis­te essa preferência, assim como na Alemanha e na França. Em Paris, quando fui comprar um ingresso para ver “Príncipe da Pérsia”, optei pela versão original (em inglês e com legendas) e a atendente me avisou que o filme não era falado em fran­cês. Évidemment.

No site de relacionamentos Orkut, a comunidade “Eu Odeio Filme Dublado” possui mais de 360 mil participantes. Entre as principais reclamações, os internautas dizem que não gostam de assistir ao filme dublado pois a voz do dublador não transmite a emoção do filme, ou simplesmente porque prefere ouvir a voz do ator. Distorções e erros de tradução, assim como ter o mesmo dublador para vários perso­nagens de diferentes filmes também entram na lista.

Um dos motivos da preferência por filmes dublados tem a ver também com o hábito de assisti-los na televisão e em DVD, que disponibiliza essa opção. Portanto, para não perder o cliente, os cinemas passaram a oferecer esse tipo de versão.

Se é a lei do mínimo esforço, uma vez que na cópia dublada a pessoa não precisa exercitar a leitura, ou por qualquer outro motivo, parece que eles chegaram para ficar. Não sei quanto a você, caro leitor, mas eu odeio filme dublado.

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