O que pode ser mais divertido do que assistir no cinema a um filme que você queria tanto ver? Por outro lado, o que pode ser mais frustrante que querer ir ao cinema e não encontrar nada de bom para assistir?
Embora as duas perguntas sejam extremas, não deixam de ser verdadeiras. Explico: nos meses de férias (principalmente durante o verão no hemisfério norte), estreiam os grandes filmes, os chamados blockbusters, que geralmente são procurados pelos adolescentes (o principal público dos cinemas atualmente) que, portanto, estão em férias.
Para se ter uma ideia, na última semana, as nove salas do Cinemark Tamboré exibiam apenas quatro filmes: “Eclipse” (dublado e legendado), “Encontro Explosivo” (dublado e legendado), “Shrek Para Sempre” (3D e 35mm) e “Toy Story 3”. Tantas salas e poucos filmes. Não que seja falta de produção, pois há algumas que nem chegam a estrear por falta de sala.
Os números confirmam. Segundo o Filme B, no Brasil há 2.195 salas e, nos Estados Unidos, em torno de 30 mil. Na França, cujo território é menor do que os dois países citados, são cinco mil telas distribuídas em dois mil cinemas.
Filmes dublados
Além da versão original, o mesmo filme é exibido em versão dublada. Pesquisa realizada em 2008 pela Datafolha ouviu 2.120 pessoas em 10 cidades brasileiras para saber o perfil do frequentador brasileiro de cinema, sob encomenda do Sindicato dos Distribuidores do Rio de Janeiro.
Ao todo, os espectadores foram separados em três categorias: habitual, aquele que vai ao cinema pelo menos uma vez a cada 15 dias; médio, ao menos uma vez a cada três meses; e eventual, ao menos uma vez por ano. Segundo a pesquisa, a preferência pela dublagem se concentra entre os espectadores médio (57%) e eventual (69%). Entre o público mais frequente, há um empate técnico: 46% preferem dublados, e 47%, legendados.
A tendência de filmes dublados, no entanto, não é exclusivamente brasileira. No México também existe essa preferência, assim como na Alemanha e na França. Em Paris, quando fui comprar um ingresso para ver “Príncipe da Pérsia”, optei pela versão original (em inglês e com legendas) e a atendente me avisou que o filme não era falado em francês. Évidemment.
No site de relacionamentos Orkut, a comunidade “Eu Odeio Filme Dublado” possui mais de 360 mil participantes. Entre as principais reclamações, os internautas dizem que não gostam de assistir ao filme dublado pois a voz do dublador não transmite a emoção do filme, ou simplesmente porque prefere ouvir a voz do ator. Distorções e erros de tradução, assim como ter o mesmo dublador para vários personagens de diferentes filmes também entram na lista.
Um dos motivos da preferência por filmes dublados tem a ver também com o hábito de assisti-los na televisão e em DVD, que disponibiliza essa opção. Portanto, para não perder o cliente, os cinemas passaram a oferecer esse tipo de versão.
Se é a lei do mínimo esforço, uma vez que na cópia dublada a pessoa não precisa exercitar a leitura, ou por qualquer outro motivo, parece que eles chegaram para ficar. Não sei quanto a você, caro leitor, mas eu odeio filme dublado.