Memória Cinematográfica

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Os chatos do cinema

Coisas da vida 29 abril 2010

Cada vez que vou ao cinema faço uma constatação diferente. O problema, porém, é que nem sempre ela é positiva. Acredito que as pessoas estão cada vez mais mal-educadas e pensam que estão no sofá de casa, ainda que a poltrona não seja sempre tão confortável tal como é a da sala Premier do Shopping Cidade Jardim.

Não é que eu não goste e não tenha o hábito de comer enquanto assisto a um filme. Adoro beliscar amendoim, comer chocolate, barrinha de cereal e até pipoca (principalmente quando vou a uma sessão levar a minha priminha para ver um filme infantil e há dezenas de crianças saboreando o salgado). O problema é que a coisa está ficando cada vez mais ofensiva.

Outra coisa: não é que eu também não fale (baixo) quando estou vendo um filme. Se estou com alguém ao lado e cabe algum comentário, até cochicho ou faço aquele “ssssshiu” para ver se o barulhento se toca. Mas, como tudo na vida, há um limite.

Escrevi aqui que, na sessão de “Chico Xavier“, havia uns chatos. Agora vou dizer por que eu falei isso.

Fiz tudo diretinho: cheguei ao cinema com antecedência, comprei o ingresso, fiquei mais de 20 minutos em pé na fila esperando a sala abrir. Como era uma das primeiras da fila, consegui pegar um bom lugar (na ponta, claro, e sem ninguém atrás que pudesse me chutar). Mas alegria de cinéfilo em cinema de shopping no domingo a noite dura pouco. A sala lotou, o entra e sai das pessoas durou bastante tempo e, obviamente, sentarem-se pessoas atrás de mim (e me chutaram).

Do meu lado direito havia um casal que não parava de circular até o filme começar. E mais: os dois resolveram discutir a relação enquanto passavam os trailers. Quando penso que só a pipoca incomoda com seu barulho e cheiro de manteiga, eis que os espectadores estão cada vez mais ousados, levando, para dentro da sala de exibição, Doritos (ou sei lá o que era aquilo) e sanduíches (como o que a menina ao meu lado tirou de dentro da bolsa).

Uma vez, estava com um amigo no Espaço Unibanco para ver “Ervas Daninhas”, de Alain Resnais. Não lembro agora qual foi a situação, mas disse a ele que era preciso respeitar o cinema, pois trata-se de um templo sagrado.

E é verdade. Para quem ama cinema, nada melhor do que estar em um lugar tranquilo para apreciar a obra que está sendo projetada na tela grande. Porém, as pessoas cada vez falam mais, fazem mais barulho, falam ao celular ou simplesmente ficam abrindo e fechando o aparelho de modo que a luz atrapalha e distrai quem está querendo prestar atenção.

É muito chato chamar atenção de marmanjos que não respeitam o próximo ou até mesmo ficar de mau humor porque tem alguém estragando o seu prazer. No entanto, eu ainda acredito que este desabafo possa surtir alguns resultados. Ou, pelo menos, ao compartilhar minha irritação com outras pessoas, consigo aliviar e não pensar mais sobre o assunto. Pelo menos até o próximo chato atrapalhar alguma outra sessão.

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