Demorou um pouco para chegar aqui. Filmada em 2007 e exibido na França (e na Europa, de maneira geral) em 2008 e 2009, estreia nesta sexta-feira, 12 de abril, a comédia “A Riviera Não É Aqui” (“Bienvenue Chez les Ch’tis”). A estreia, no entanto, é tímida, pois serão quatro praças e, em São Paulo, as exibições serão apenas no circuito digital, ou seja, nos cinemas Arteplex Frei Caneca, Espaço Unibanco Pompéia (Shopping Bourbon), Cinema da Vila (rua Fradique Coutinho) e Cine Bombril (Cojunto Nacional).
Se o Brasil não trata esta produção com entusiasmo, saiba que os franceses (por motivos óbvios, é claro) prestigiaram o filme sobre um gerente dos Correios que é transferido para o norte do país. Isso porque a fita, que teve o orçamento de 11 milhões de euros, arrecadou, no final de semana de abertura, mais de 20 milhões de euros (segundo o IMDB – Internet Movie Database). De acordo com o material de divulgação para a imprensa, o filme já rendeu na bilheteria mais de 180 milhões de euros naquele país e continua contabilizando. Esse foi, portanto, o filme francês de maior sucesso de bilheteria. Talvez seja o equivalente ao nosso “Se Eu Fosse Você 2” que, embora não seja lá um grande filme, agradou ao público e rendeu na bilheteria.
O que mais se deve a este sucesso é que o longa-metragem aborda as diferenças existentes dentro do mesmo país (França), as questões culturais e, sobretudo, linguística. E em um território imenso como é a França, não poderia ser diferente. Vide o caso do Brasil e as diferenças existentes entre as regiões Norte, Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste.
Morador de Salon-de-Provence, uma cidade localizada no sul da França, Philippe Abrams (Kad Merad) é gerente dos Correios (vale lembrar que “La Poste” também faz as vezes de banco), mas luta para ser transferido para a Riviera Francesa, local banhado pelo mar Mediterrâneo e considerado um dos mais belos do mundo. No entanto, sua esposa, Julie (Zoé Félix), vive em depressão e ele acredita que a mudança fará bem a ela e ao seu casamento. No entanto, ele mente em sua carta de transferência e coloca tudo a perder. Como punição, é enviado para Bergues, cidade localizada ao norte da França, em Nord-Pas-de-Calais. Por conta do clima (e da fama), ninguém que mora ao sul quer viver lá. A partir de então, sua vida começa a virar um inferno, pois sua esposa não pensa em ir junto.
Além do clima, existe o dialeto, o “picardo”, difícil de se entender e que será um dos motivos da graça. O nome original do filme, “Bienvenue Chez les Ch’tis”, tem a ver com a maneira como esse dialeto é conhecido lá (ch’tis).
A comédia “A Riviera Não É Aqui” é dirigida e escrita por Danny Boon, que também atua no longa-metragem. Ele é Antoine Bailleul, o carteiro que vai recepcionar o novo gerente, e incluí-lo no ambiente familiar. O roteiro, aliás, é bastante pessoal, uma vez que Boon é nativo daquela região e sempre achou que as pessoas olham o local com preconceito e desdém por, principalmente, não conhecer o ambiente. O filme, então, é dedicado a sua mãe.
A câmera de Danny Boon faz um travelling, no início, pelas pelas paisagens do mediterrâneo e a abertura faz uma brincadeira pelo mapa: bem divertido.
Não bastassem as boas atuações dos atores (Kad Merad está impagável!), o público ri principalmente por conta dos trocadilhos do idioma, pelo trabalho que fazem e “enchem a cara” a convite dos moradores (principalmente para se aquecer do frio).
“A Riviera Não É Aqui” é um longa que apresenta uma evolução bem pontuada dos personagens, é humano, faz rir, mas sem ser uma comédia pastelão. Além de leve, sua maior virtude, porém, é não ser pretensioso, nem arrogante. E por isso o filme se torna belo e imperdível.
Em tempo: não saia do cinema antes dos créditos finais. Os erros de gravação são bem divertidos!