Memória Cinematográfica

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Os Delírios de Consumo de Becky Bloom

Estreia 8 abril 2009

Quando um filme é baseado em um livro, as pessoas que já leram a obra frequentemente se perguntam se o filme é igual, se é apenas parecido etc. O problema, porém, acontece quando o livro tem fãs incondicionais, de modo que eles se sentem “pessoalmente” ultrajados quando um filme é baseado em um livro, mas deixa a desejar. Os últimos exemplos foram “Ensaio Sobre a Cegueira”, “O Código da Vinci”, “O Senhor dos Anéis”, a série “Harry Potter” e muitos outros.

Desta vez, porém, chega ao Brasil, na quinta, dia 9 de abril, a comédia “Os Delírios de Consumo de Becky Bloom” (“Confessions of a Shopaholic”). O filme é baseado nos dois primeiros livros da série escrita por Sophie Kinsella, “Os Delírios de Consumo de Becky Bloom” e “Becky Bloom – Delírios de Consumo na 5a Avenida”. O primeiro livro foi lançado no Brasil em 2002, o segundo na sequencia e, desde então, outros três vieram: “As Listas de Casamento de Becky Bloom”, “A Irmã de Becky Bloom” e “O Chá-de-Bebê de Becky Bloom”. À época de seu lançamento, se falava que a protagonista “a nova Bridget Jones”.

Embora Bridget tenha tido mais sucesso que Rebecca (ao menos em popularidade, uma vez que no total, a série Becky Bloom vendeu no país mais de 90 mil exemplares), ambas são engraçadas, mas a diferença é que Bridget está sempre de dieta e esperando o homem ideal, enquanto Becky só pensa em ser feliz com as novas aquisições das lojas de grife e quer ficar em paz com o seu cartão de crédito.

É fato que as fãs, principalmente, tenham se decepcionado com o segundo filme, “Bridget Jones – No Limite da Razão”, principalmente porque há divergências entre a história do livro e aquela levada para a tela grande. É chato ter de alertar, entretanto o mesmo acontece com “Os Delírios de Consumo de Becky Bloom”. Quem não leu o livro vai “cair de paraquedas” na história, uma vez que não se explica de onde Rebecca Bloomwood (Isla Fisher, de “Três Vezes Amor”) veio, no entanto ela já aparece no meio de lojas em Nova York e, em um belo dia, conhece aquele que será o grande amor de sua vida, Luke Brandon (Hugh Dancy), que tem um forte sotaque britânico mas vive na Big Apple. Ele é do tipo cara perfeito, embora tenha a barba por fazer e não saiba combinar o terno com a gravata muito bem. Porém, quando quer, sabe “falar Prada” como ninguém.

Essa confusão ocorre por causa da mistura dos dois primeiros livros, já que o primeiro se passa em Londres (sim, Becky é inglesa, apesar de não ter sotaque no filme) e, no segundo, ela segue para os Estados Unidos.

Comparações entre literatura e cinema à parte, o que se vê na tela é uma garota divertida e ótima nas compras, jornalista que sonha em trabalhar na revista de moda que lê desde a adolescência, mas tudo o que consegue é uma vaga na publicação de economia graças ao texto que escreveu sobre compras, mas usando metáforas, justamente o que agradou ao editor, pois ela fez da economia (um assunto chato e maçante), uma história simples para o leigo. O problema é que ela dá conselhos, mas não sabe segui-los.

Da noite para o dia, Becky se torna uma das colunistas mais lidas e respeitadas não apenas naquele país, mas também no exterior. No entanto, os percalços ainda estão por vir, e é com a sua desgraça (com o perdão da palavra), que o espectador vai acompanhar a sua saga e se divertir a valer com as suas trapalhadas, desculpas esfarrapadas e seu jeito meigo de conquistar o seu amor, manter a amizade com a melhor amiga Suze (Krysten Ritter) e, talvez, conquistar o emprego dos sonhos na revista de Alette Naylor (Kristin Scott Thomas).

O diretor australiano P.J. Hogan, de “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, aponta suas lentes para uma Nova York das grifes e mostra o timing cômico perfeito de Isla Fisher, que utiliza trejeitos a seu favor sem ficar afetada, caricata ou cansativa. O ritmo do filme é outro ponto alto, pois ele não cai: depois de uma tensão vem um clímax, e outro e depois outro, até chegar ao final esperado. Sim, é previsível, e este é um dos pontos baixos.

Entre as cenas engraçadas, destaque para a que as mulheres correm para a liquidação; quando está em Miami e ensaia uma dança com um leque; e quando é confundida pela garçonete da festa. Becky Bloom tenta entrar para um grupo de “Consumidores Anônimos” e em uma dessas reuniões a cantora Amy Winehouse entra na trilha sonora com o clássico “Rehab”: perfeito!

“Os Delírios de Consumo de Becky Bloom” é perfeito para as mulheres, pois mostra a moda ditada pela premiada figurinista Patricia Field (a mesma da série “Sex and the City” e do filme “O Diabo Veste Prada”), detalha a compulsão por compras, a busca pelo namorado perfeito. Mas para os fãs do livro ainda pode faltar algo que deixou a desejar, como as ruas londrinas, as típicas lojas da capital inglesa e aquele humor ácido.

O longa-metragem é daqueles para as mulheres irem às salas de cinema com as amigas (deixem os namorados e maridos em casa; eles não vão entender o assunto), rirem e aprenderem como usar o cartão de crédito, aperfeiçoarem o bom gosto das roupas e dos sapatos, se deslumbrarem com as grandes grifes e sonharem que o namorado perfeito pode estar mais perto do que se imagina!

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