Memória Cinematográfica

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Kung Fu Panda

Animação Blockbuster 4 julho 2008

Pelo trailer, é possível entender como começa e como termina “Kung Fu Panda”, novo longa-metragem de animação produzido pela DreamWorks e que estréia no Brasil, após duas semanas em fase de pré-estréia nos cinemas, nesta sexta, dia 4.

Dirigido por John Stevenson (que trabalhou no departamento de arte dos filmes “Madagascar” e “Shrek”) e por Mark Osborne (que fez alguns episódios de “Bob Esponja” para a TV, por exemplo), o longa teve participação especial no Festival de Cannes neste ano, que marcou presença com vários pandas no tapete vermelho do prestigiado evento, além de terem ido os dubladores Angelina Jolie e Jack Black, principalmente. Faz muito tempo, aliás, que o personagem principal do filme faz aparições durante a vinheta de abertura das salas do Cinemark no Brasil, tal como fazia Shrek, antes do lançamento de “Shrek Terceiro“. Tudo isso é propaganda para cativar, aos poucos, o público e deixá-lo com vontade de assistir à produção.

A verdade é que a Dream Works Animation, empresa ligada à DreamWorks SKG, que pertence a Steven Spielberg, Jeffrey Katzenberg e David Geffen desde 1994 (e foi vendida para a Paramount, em 2006), tenta lançar produções de animação para concorrer diretamente com a Disney (Katzenberg é ex-executivo da empresa que criou o Mickey) e, desde o primeiro “Shrek”, os produtores vêm fazendo críticas aos contos-de-fada tradicionais, que trazem ao final as mensagens de boas maneiras e finais felizes.

Desde que a Disney comprou a Pixar, produtora de filmes como “Wall-E“, “Os Incríveis” e “Procurando Nemo”, ficou difícil para a DreamWorks competir, principalmente porque a “fórmula” do ogro não tem dado muito certo ultimamente. Um dos apontamentos para essa confirmação é o Oscar. Quando foi criada a categoria de Melhor Longa-Metragem de Animação, em 2002, o premiado foi “Shrek”. Depois, o estúdio só ganhou novamente em 2006, com o filme “Wallace e Gromit – A Batalha dos Vegetais”. Neste meio tempo, venceram “A Viagem de Chihiro”, “Procurando Nemo”, “Os Incríveis“, “Happy Feet” e “Ratatouille“. Ou seja: três produções da Pixar.

Na semana passada, teve estréia mundial de “Wall-E“, que liderou as bilheterias brasileiras e norte-americanas.

“Kung Fu Panda” conta a história de Po, um panda enorme que ajuda seu pai no restaurante de macarrão da família, mas sonha (literalmente) em ser um dos lutadores que pratica as artes marciais muito cultuadas na China, onde vive. Quando a tartaruga resolve escolher o Grande Guerreiro para lutar contra o leopardo da neve Tai Lung, que esteve preso e fugiu, adivinha quem será o escolhido?

Daí para frente, já dá para se ter uma noção da história e o que acontecerá com o Panda e com quem eles chamam de “The furious five” (“Os Cinco Furiosos”), ou seja, os Mestres Garça, Tigresa, Louva-Deus, Víbora e Macaco, que são liderados por Mestre Shifu. Ele, aliás, vai tentar ensinar ao Panda tudo o que sabe das artes marciais, mas Po só pensa em comer e tem dificuldades em subir as escadas, pra começar, imagine fazer um treinamento rigoroso para ser um mestre…

Além das vozes de Jack Black e Angelina Jolie, fazem parte do elenco de dubladores, na versão original, Dustin Hoffman, Ian Mcshane, Jackie Chan e Lucy Liu. Na versão brasileira, Lúcio Mauro Filho é Po e Juliana Paes é a Tigresa.

O visual da animação é um dos destaques positivos. Com o longa “Madagascar” (cuja seqüência estréia em dezembro), é bom lembrar, o estúdio conseguiu diferentes tipos de pêlos e peles na construção dos diversos personagens do zoológico e, claro, o aprendizado foi aproveitado na nova produção. Outro ponto alto é o bom humor dos personagens, que estão sempre prontos para soltar uma piada e fazer o público gargalhar (principalmente o Panda desajeitado com voz de Jack Black, ator do filme “Escola do Rock” e “Alta Fidelidade”).

O Panda, que é enorme e usa essa característica em seu favor para a luta final, segue o mesmo caminho do ogro Shrek, que também é grandalhão e nada bonito. Embora tenha tendência a ser mais cativante para as crianças, não tem tanto carisma quanto tem, por exemplo, Shrek ou o recém-criado robô Wall-E.

Os movimentos desses mesmos personagens também são destaques: imagine como lutam tigre, garça ou louva-deus. Para tanto, os produtores pesquisaram entre os especialistas em kung fu e aproveitaram as técnicas para incorporá-las às criações. O colorido do filme é outro ponto alto, mostrando que a forma sobrepõe o conteúdo.

Embora os diálogos, repletos de metáforas, sejam bem-construídos, o senão do filme é o fato de os personagens falarem inglês na China, onde se passa a narrativa, e tudo o que é escrito está em chinês, ou seja, não existe definição para o idioma (se bem que, os produtores, sendo norte-americanos, não correriam o risco de escreverem os diálogos em chinês, ainda que tenham escolhido alguns atores orientais para dublar).

A narrativa não responde a questão de o Panda ser filho de um ganso! Em uma determinada seqüência, o pai diz que tem uma coisa muito importante para revelar, mas o assunto não tem nada a ver com a paternidade.

“Kung Fu Panda” pode atrair muitas pessoas ao cinema, que vão atrás de diversão, principalmente os mais ligados não apenas à animação, mas também em histórias de luta, tal como os fãs de Sylvester Stallone, Jean-Claude Van Damme ou até mesmo Bruce Lee. As crianças, público no qual as produções de animação mais apostam, podem se divertir, mas muitas piadas, novamente, passarão despercebidas por elas. Esta é a tendência mundial: cinema de entretenimento capaz de levar os pais e os filhos para a mesma sessão de cinema. O filho, aqui, será apenas um pretexto, com certeza.

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