Praticante de artes marciais desde os oito anos de idade, o ator chinês Jet Li, do violento “Cão de Briga”, deixou as competições para ingressar no cinema. Ou melhor: resolveu empregar a luta em personagens que vive no cinema. E se deu bem. Tão bem que roteiros são escritos para sua interpretação.
Desta vez foram os roteiristas Lee Anthony Smith e Gregory J. Bradley quem criaram “Rogue – O Assassino” (“Rogue Assassin”) e construíram o papel-título especialmente para Li. Seu personagem, como ele mesmo diz, é inédito: ele nunca havia interpretado um parecido, que vai contra os seus princípios budistas. Isso porque ele faz um assassino frio e calculista.
Nos primeiros dez minutos do filme já se tem uma boa noção do que vem pela frente. É neste tempo que acontecem cenas essenciais para o desenrolar da história. O longa-metragem, que estréia nesta sexta-feira, dia 21 de setembro, começa com dois agentes do FBI: Jack Crawford (Jason Statham) e seu parceiro Tom Lone (Terry Chen) falando sobre o fato de Crawford não conseguir parar de fumar. Eles se recordam de eventos passados e decidem investigar um caso. No entanto, quando está em casa com a família, Lone é morto por Rogue (Li), que usa uma máscara estilo Fantasma da Ópera. A partir de então, o agente do FBI promete que vai vingar a morte do parceiro.
Escondido durante três anos, Rogue reaparece e decide travar batalha entre Chang (John Lone), líder da máfia chinesa, e Shiro (Ryo Ishibashi), chefe da Yakuza. Ao saber do envolvimento de Rogue no caso, Crawford não resiste e faz sua busca pessoal, quando reativa a vingança (ele mesmo acaba se tornando uma espécie de Rogue quando efetua assassinatos em série).
O diretor Philip G. Atwell constrói cenas de lutas permeadas de sangue, sempre com personagens cínicos e frios. Ele, que até então só tinha filmado um curta-metragem, documentário e videoclipes para a televisão, mostra com suas câmeras cenas de ação e lutas coreografadas, incluindo as com armas de fogo e com espadas que lembram muito os clipes, principalmente por conta dos avanços rápidos das cenas em alguns trechos.
O enredo bastante sangrento consegue, a certa altura, prender o espectador, que quer saber até quando vai a batalha entre a polícia de São Francisco e a máfia chinesa.No início, naqueles 10 primeiros minutos, Crawford diz a Tom Lane que, “neste ramo (da briga entre policiais e bandidos), nunca se sabe quem está trabalhando para quem”. Embora seja essencial para o desenrolar da trama, a frase passa despercebida, mas ao mesmo tempo é uma boa cutucada na vida real, quando cada um tem os seus próprios interesses, custe o que custar.
É de se esperar, no entanto, que os atores deixem um pouco a desejar na questão de interpretação, não mostram verdade em seus diálogos e o que mais se tem por ali é uma correria desenfreada de policiais e bandidos, música alta que não pára, perseguições, explosões (incluindo uma de extremo mau-gosto que envolve um cachorro). Porém, quem vai ao cinema para ver um “show de luta”, não liga para a falta de boas interpretações.