Memória Cinematográfica

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Feriadão: o horror do estresse

Coisas da vida 14 setembro 2007

Quem viu “Não por Acaso”, longa-metragem de Philippe Barcinski que tem Rodrigo Santoro no elenco, sabe como funcionam os semáforos da cidade de São Paulo. Na sala de cinema durante a projeção é possível se irritar com a manipulação que o personagem é capaz de fazer em benefício próprio, trocando a ordem, fechando ou abrindo passagem da avenida que quer percorrer.

Em “Os 12 Trabalhos”, de Ricardo Elias, são contadas as aventuras dos motoboys pela capital paulistana, quando precisam realizar as entregas dentro do prazo estabelecido pelo cliente. Então é aquela correria, gente morrendo nas ruas, falta de respeito dos motoristas de carros, ônibus e, claro, das motos.

Não quero discutir aqui a qualidade cinematográfica dessas fitas, mas sim o conteúdo que elas se propõem discutir, que é o trânsito em São Paulo.

Deve haver outros, claro, mas não me lembro agora, até porque estou me atentando às recentes obras. Nenhum dos dois filmes, porém, falam sobre o êxodo dos paulistanos da cidade para a praia nos feriados prolongados. Talvez porque o horror toma conta das estradas, quando, desesperados, os moradores da cidade grande e também do interior não vêem a hora de descer a serra, assim que um par de dias de folga se aproxima: sai mais cedo do trabalho, coloca a bagagem no carro, põe a família junto, assim como cachorro, gato, papagaio, e todos seguem prontos para enfrentar a jornada que pode durar seis horas – num dia comum seriam necessárias apenas duas.

Família animada, ouvindo boa música, começa a murchar quando, logo no início da rodovia, o trânsito pára. Não há qualquer semáforo de modo a justificar o engarrafamento ou para copiar o que o personagem vivido por Leonardo Medeiros faz para alcançar o seu objetivo. Existe, na verdade, um excesso de veículos com o mesmo destino.

Talvez nunca ninguém tenha feito um filme sobre isso (ao menos do meu conhecimento), porque com certeza deveria pertencer, no mínimo, ao Cinema Marginal, aquele bem mal-feito, com a câmera trêmula, sem preocupação com estética, continuidade ou mesmo narrativa, ou ser classificado como o gênero horror. Porque quem pensa que vai pra praia no feriado prolongado pra descansar, está redondamente enganado.

*Afe, acho que passei tempo demais parada no engarrafamento!

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