Filme nacional é sempre uma surpresa para o público. Nunca se sabe o que vem pela frente. A maioria deles, salvo algumas exceções, tem a recompensa na bilheteria por conta do elenco, quase sempre vindo da televisão. Quem não tem o chamado “star system”, conta apenas com a boa história, produção e direção.
Inspirado em romance homônimo escrito pelo ex-presidente José Sarney (membro da Academia Brasileira de Letras), “O Dono do Mar” chega aos cinemas com roteiro escrito por Frank Dawe e Fábio Gomes, e direção de Odorico Mendes, que se especializou em propagandas.
A fita conta a história de Antão Cristório (Jackyson Costa em excelente forma física), pescador criado no Maranhão, que, quando perde o filho Jerumenho (Sérgio Marone), assassinado pela faca de um marido traído, muda os seus hábitos e começa a procurar o autor do crime.
A partir de então, o longa volta no tempo e conta desde a infância do pescador, desde quando se apaixonou por Quertide (Samara Felippo), se casou com Camborina (Daniela Escobar), se deitou com a cunhada Germana (Regiane Alves), passando pelas noites de amor com a prostituta conhecida como Maria das Águas (Isadora Ribeiro). Sem contar a rezadeira dona Geminiana (Pepita Rodrigues), que ajuda o rapaz a conquistar a noiva.
Com abuso de travellings, Odorico aponta suas lentes para o que o litoral maranhense tem de mais espetacular, mas peca quando conta histórias do Além, quando abusa de recursos que não domina e constrange o espectador com a história risível. O elenco feminino, na sua maioria composto por belas moças, serve de muleta para conquistar. “O Dono do Mar” esperou cerca de 10 anos, conforme disse o diretor, para sair do papel. Poderia ter esperado mais tempo.