>Raras vezes revejo um filme no cinema. Como assisto a algumas produções antes que elas entrem em cartaz, vez ou outra acabo indo novamente para acompanhar alguém durante um filme ou porque gostei muito e quero revê-lo antes mesmo que saia em DVD.
Ultimamente não tenho feito isso. Aproveito para ir ao circuito ver alguma coisa que eu tenha perdido. No entanto, quando entram em cartaz as animações, sou “intimada” a levar minha priminha de seis para ver o filme. Até que gosto, porque acabo vendo dublado, o filme que vi pela primeira vez na versão original. E, acredite, ir ao cinema com criança ver um filme infantil é sempre uma nova experiência. No mês passado fomos ver “Shrek Terceiro”. Eu já tinha visto, mas acredite, ela também.
– Eu já vi na escola, mas quero ver de novo com você – ela alegou.
Fiquei intrigada.
– Como você viu na escola? Você foi ao cinema com os amiguinhos da escola?
– Não. A tia levou o filme.
– Mas era o filme novo?
– Era, aquele que o Shrek tem trigêmeos.
Oh céus. Era a mais pura manifestação de pirataria. Minha priminha estava me contando que foi para a escola, como ela faz todos os dias, e foi “convidada” por sua professora a assistir a um filme pirata. Um filme que ainda estava em cartaz no cinema, mas ela adquiriu o DVD provavelmente em algum camelô.
Oh céus! Já estão ensinando isso na escola.
Ok, como ela queria rever o filme comigo, lá fomos nós ao Cinemark ver “Shrek Terceiro” dublado. Sessão durante a tarde, em pleno sábado, nas férias de julho. Já imaginou? A experiência é divertida: chega ao shopping, procura lugar para estacionar o carro, enfrenta a fila da bilheteria.
– Tomara que ainda tenha lugar, né Tati?
Essa foi porque quando fomos ver “Dogão”, demos de cara com a porta.
Continua a maratona: escolhe o tamanho da pipoca com o refrigerante (“Prepare o bolso!” – advertiu minha tia previamente), corre pra fila, entra na sala, escolhe o lugar. Ufa!
Começam as primeiras cenas e ela gargalha em cada uma. Realmente ela já havia visto o filme, e se divertiu novamente.
No último final de semana, fomos novamente ao cinema. Desta vez o filme escolhido foi “Ratatouille”, que eu tinha visto fazia exatamente dois meses. Como ela já tinha me pedido há muito tempo, resolvi finalmente cumprir a minha promessa. A maratona continuou a mesma (estacionamento-fila-pipoca-assento), mas este ela ainda não havia assistido.
No elevador, saindo do estacionamento, ela viu a propaganda de “Os Simpsons – O Filme” e mandou:
– Queria ver o filme dos Simpsons.
– Ah, mas só quando você tiver 12 anos.
– Por quê?
– Bom, porque menor de 12 anos não entra na sessão. Deixo você tirar uma foto com a família, tá?
Ela não respondeu.
Com a sessão iniciada, hora de rever as aventuras de Remy em Paris.
– O ratinho é cozinheiro, né? Eu gosto deste ratinho.
Revi o filme, desta vez dublado, com outros olhos. Me diverti em cada cena, me emocionei em alguns momentos e fiquei feliz por estar ali, compartilhando com as descobertas dela.
– Da outra vez que a gente for no cinema, quero ver “A Volta do Todo Poderoso”. É comédia!
Sim, é comédia. E não posso reclamar: a sessão é livre. Hoje tem ela, logo mais vêm os sobrinhos. E vou ser a titia que leva a criançada pro cinema.