Foi em 2005 que um dos 10 homens mais procurados do FBI por tráfico de drogas foi preso em Saquarema, no Rio de Janeiro, e deportado para os Estados Unidos 36 horas depois. Jesse James Hollywood ganhava dinheiro fácil vendendo drogas e levava uma vida boa na Califórnia. Morava em uma grande mansão e tinha um Mercedes na garagem. Quando cometeu uma das suas maiores bobagens, teve de fugir do seu país para não pegar prisão perpétua.
Ainda que não leve o seu nome, sua vida está sendo contada no cinema, no filme “Alpha Dog”, que estréia nesta sexta-feira, dia 18 de maio. No longa-metragem dirigido por Nick Cassavetes (“Um Ato de Coragem”), Hollywood é Johnny Truelove (Emile Hirsch), um traficante de renome que alimenta o vício de um bando de marmanjos tatuados.
Por falar em bando, no reino animal, alpha é aquele macho mais forte e líder que consegue mais alimento e as melhores fêmeas que os demais (talvez daí o nome).
A fita começa com imagens antigas, de crianças brincando, e uma música lenta. Quando começam a aparecer os rapazes em uma festa na casa de Truelove regada a bebida, drogas e um monte de mulheres, a trilha sonora muda para hardcore, tentando mostrar que muita coisa mudou.
A narrativa conta a partir de novembro de 1999, quando o tatuado Jake Mazursky (Ben Foster, o anjo de “X-Men: O Confronto Final“) deve uma quantia razoável para o traficante e os dois começam a brigar.
Para forçar a barra, Truelove seqüestra o irmão caçula de Jack, Zack (Anton Yelchin), de modo a conseguir o dinheiro de volta. Quem toma conta do garoto de 15 anos é o amigo de Johnny, Frankie Balanbacher (Justin Timberlake), que acaba se afeiçoando ao rapaz, inclusive dando a opção de ele se mandar.
Antes que eles levem a história adiante, o pai de Truelove, Sonny, vivido por Bruce Willis, tenta convencê-lo a se entregar, antes que seja capturado e pegue prisão perpétua. A mãe do garoto, Olivia (Sharon Stone), enlouquecida com o desaparecimento do filho, mobiliza a cidade, aciona a polícia e chora.
O longa mostra a violência desenfreada e a conivência de alguns pais perante o comportamento estranho dos filhos. As imagens vão contando a história cronologicamente e somando, aos poucos, as testemunhas que presenciam o ato criminoso do bando. A história é boa, tem o roteiro conciso, mas se perde um pouco no final, quando tudo precisa ser resolvido às pressas.
Neste momento o espectador fica confuso e por isso a fita perde a força. A câmera de Cassavetes “invade” a vida de Truelove e o aproxima do espectador, que fica dividido e não sabe se tem empatia pelo rapaz ou raiva.
Embora o traficante tenha sido preso no Brasil, no filme ele não é. A única coisa que nos faz lembrar de nosso país é a música de Bebel Gilberto ao fundo, que canta a versão em inglês da ótima “Garota de Ipanema”.