Biografias têm sido comuns no cinema ultimamente. Depois de contar a história de J.M. Barrie, criador de Peter Pan, no longa-metragem “Em Busca da Terra do Nunca”, e dos autores de “Cinderela”, “O Chapeuzinho Vermelho”, “João e Maria”, em “Irmãos Grimm”, agora é a vez de a inglesa Beatrix Potter, escritora do início do século 20, chegar à tela grande, nesta sexta-feira, 27 de abril, com o filme “Miss Potter”.
Embora ela não tenha nenhuma obra expressiva (ao menos deste lado do oceano), a história ganha força principalmente por ela ter sido uma mulher à frente do seu tempo, que não estava preocupada em apenas aprender as tarefas de casa, mas em produzir coisas expressivas, além de ela não ter o mínimo interesse em se casar (como era o costume daquela época).
Apaixonada desde criança por desenhos, Beatrix (Renée Zellweger) começa a criar personagens para as histórias que ela costumava construir, principalmente com animais. Observando coelhos ao vivo, por exemplo, ela captava os seus movimentos, desenhava suas impressões e fabricava uma personalidade para cada um de seus personagens.
Era muito comum, pois, naquele tempo, as mulheres se dedicarem à costura ou aos chás entre amigas, como sua mãe (Barbara Flynn) fazia, e queria muito que sua filha se casasse com um homem da mesma classe a que eles pertenciam. Seu pai, Rupert Potter (Bill Paterson), era um advogado que levava uma vida sem grandes ocupações, e que compreendia plenamente as escolhas da filha.
Quando terminou de escrever e, sobretudo, desenhar um livro, Beatrix foi atrás de editoras para que alguém pudesse publicá-lo. Depois de muitas portas fechadas, ela conhece a família Warne e tem a garantia de ter o seu primeiro livro feito. Para tanto, um dos membros da família, o caçula Norman Warne (Ewan McGregor), é destacado exclusivamente para cuidar deste projeto, mas ele não é levado a sério pelos outros irmãos.
Como prova de seu esforço, Norman vai fazer de tudo para obter êxito em seu trabalho. A senhorita Potter também obtém ajuda e apoio da irmã de Norman, Millie (Emily Watson), que enxerga na escritora um incentivo para também continuar solteira.
O longa-metragem, dirigido pelo australiano Chris Noonan (“Babe – O Porquinho Atrapalhado”), cumpre o seu papel de contar uma história real, e intercala cenas em flash-back para mostrar a infância da personagem-título. Renée Zellweger, embora apresente uma química importante ao lado de Ewan McGregor, mostra que, embora seja norte-americana, é capaz de fazer uma texana caricata, como em “Cold Mountain”, mas também pode fazer muito bem personagens inglesas, tal como Bridget Jones e agora mais uma vez.
O deslize, porém, fica por conta das “caras e bocas” em excesso que ela faz ao se comunicar com os desenhos. Mas a história, embora previsível, é capaz de emocionar.