Em uma passagem do longa-metragem “Diamante de Sangue” (“Blood Diamond”), que tem estréia apontada para os cinemas brasileiros nesta sexta-feira, dia 5 de janeiro, um dos personagens diz que a terra vermelha daquela região tem aquela cor por conta do sangue que foi derramado. E é sobre o sangue escorrido de nativos de Serra Leoa, na exploração de diamante, na década de 1990, que se trata o filme.
Neste mês, o longa já tem um prêmio a concorrer: o Globo de Ouro de Melhor Ator em Filme Dramático, com Leonardo DiCaprio. Leo, aliás, concorre a dois prêmios na mesma categoria. O outro é por sua atuação em “Os Infiltrados“, ótima fita dirigida por Martin Scorsese.
Com uma belíssima fotografia logo de início, “Diamante de Sangue” mostra a vida de pessoas muito simples que lutam no dia-a-dia para sobreviver em um país que poucas chances oferecem. A família do pescador Solomon Vandy (Djimon Hounsou) vive em cabanas em Serra Leoa, um país africano que está sob exploração de diamante por soldados estrangeiros. Seu filho, Dia (Kagiso Kuypers), percorre cinco quilômetros a pé todos os dias para estudar inglês. Seu sonho é poder aprender mais.
No entanto, em uma dura perseguição, Solomon é separado de sua família, e ele vai trabalhar em minas de diamante, garimpando e separando o que é valioso, de grãos de areia. Entre uma peneirada e outra, ele encontra aquele que seria o maior diamante de sua vida. Se tentasse esconder, sabia que seria morto imediatamente.
Quando vai para a prisão, seu caminho cruza o de Danny Archer (DiCaprio), um africano que troca diamantes por armas. Lá Archer fica sabendo do diamante de Solomon, que quer apenas reencontrar a família, salvar a esposa e resgatar o filho que pode ter virado um soldado infantil.
No meio da história aparece Maddy Bowen (Jennifer Connelly), uma jornalista americana que está em missão na África para descobrir a verdade que está por trás dos diamantes de sangue, que exploram a vida de nativos por caprichos do mundo capitalista. Então, ela e Archer entendem que precisam ajudar Solomon a encontrar a sua família. Assim, ela teria a história para o seu jornal e ele, o diamante.
Dirigido e produzido por Edward Zwick (“O Último Samurai“), o longa apresenta locações externas em meio a minas, com explosões, tiroteios, perseguições por helicópteros e muita soberba e ambição, principalmente quando mostradas sob a visão do homem branco.
Com diálogos em inglês e também no dialeto africano, Leonardo DiCaprio interpreta muito bem um africano e muda o sotaque nova-iorquino para viver na pele de um comprador/vendedor de diamantes. Djimon Hounsou consegue mostrar na telona o sofrimento deste povo que vive sendo explorado pelo homem branco, em troca unicamente de dinheiro.
Sua interpretação ímpar garante verdade à história, mostra o seu descontentamento quanto à profissão, mas também a incansável busca por sua família, não apenas a esposa e a filha que estão refugiadas em um acampamento para sem-teto, mas também o seu filho. Uma rica história de amor ao filho é mostrada como pano de fundo em meio à guerra civil. A cena dos dois é comovente, de fazer os mais duros dos espectadores se emocionarem.
Os valores de cumplicidade e amizade também são explícitos em passagens quando envolvem a jornalista e também os dois africanos. Com roteiro de Charles Leavitt, o filme é baseado na sua história e também na de C. Gaby Mitchell. Mais do que comovente, o longa mostra ao que povos são submetidos enquanto o dinheiro manda em primeiro lugar, sob o ângulo de um diretor que faz o seu trabalho com responsabilidade e competência, que pouco os cinemas têm visto.