Depois da decepcionante ida ao Cinemark Market Place no último domingo, quando não consegui comprar ingressos via celular (embora a operadora Claro ofereça esse serviço a seus assinantes) nem pelas máquinas ou pelos caixas (já que as filas eram enormes), ontem fui, de cabeça aberta, assistir ao filme “Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme” (“Wall Street – Money Never Sleeps”), de Oliver Stone.
Esta é a continuação do longa-metragem lançado em 1987 que, admito, não assisti. Mas queria ver este principalmente por conta da atualização do tema (vide a crise econômica internacional).
Embora um colega crítico de cinema em Paris tivesse me alertado que o filme era decepcionante, insisti em ver. A fita conta a história de Gordon Gekko (Michael Douglas), que também estava no filme anterior, mas dessa vez está saindo da prisão após 21 anos. Lá, escreveu um livro e, ao sair, encontra um mercado financeiro em colapso.
Ao fazer uma palestra para vender sua obra em uma universidade, conhece Jake (Shia LaBeouf), um jovem corretor de Wall Street que busca vingança contra um diretor de banco após a morte de seu mentor (Frank Langella). O rapaz se apresenta ao palestrante como noivo de sua filha, Winnie (Carey Mulligan, de “Educação“), que, aliás, cortou relações com o pai por se sentir traída devido a morte do irmão.
Com frases de efeito, principalmente quando cita a economia dos Estados Unidos, além de situar o conflito com a bolha da internet, em 2000, e pós-crise 11 de Setembro de 2001, o espectador assiste também ao problema recente cujos reflexos ainda são sentidos no mundo todo.
Na trama, a tentativa de negociação com os chineses, cuja economia é a que mais cresce no mundo todo, inclusive em tempo de crise, além de demonstrações de cobiça e ganância (várias vezes citada por Gordon) que rondam o ambiente que se move em torno do dinheiro.
Oliver Stone, diretor de filmes como o épico “Alexandre” e “As Torres Gêmeas“, tem a mão pesada para contar uma história que poderia ser tratada com mais delicadeza. Outro detalhe é o melodrama inserido para contar cada vez mais a história dos bastidores dos executivos que atuam em Wall Street.
Como forma de atrair outro público para o tema (e para o filme), foram escalados dois jovens atores. Que me desculpem os profissionais de casting, mas Shia LaBeouf, estrela de “Transformers“, não tem nada a ver com o personagem que um dia, como li por aí já que não vi o outro longa, foi ocupado por Charlie Sheen. Ele, aliás, aparece em uma sequência juntamente com Michael Douglas. Esse, sim, vale dizer, toma conta do filme e, não fosse por ele, eu teria me levantado da poltrona no primeiro problema familiar colocado em xeque em um filme de economia…
Outro que aparece em duas ou três cenas é o próprio Oliver Stone, que também está no elenco do primeiro filme, tal como costumava fazer Alfred Hitchcock.
A sucessão de problemas não para por aí. O bom menino, investidor de Wall Street, tenta reconciliar pai e filha, e se vê assinando cheques para sustentar a mãe, que gasta mais do que tem. Ao mesmo tempo, ele cresce o olho na poupança que um dia o pai deixou para a noiva… Situações, aliás, que não acrescentam nada ao tema e só irritam o espectador que não está lá para ver briguinhas e discussões como essa.
Para completar, uma trilha sonora pobre e, vez ou outra, risível, que só faz piorar ainda mais o clima da fita. Para finalizar, Oliver Stone ainda deixou gordurinhas demais: do início ao fim, são necessários 133 minutos para fazer o espectador sair com raiva da sessão.