O longa-metragem “Flórida” (“Floride”), de Philippe Le Guay (“Pedalando com Molière”), fala sobre o envelhecer e os percalços que a vida vai trazendo à medida que os anos vão avançando.
O tema foi abordado recentemente em “Amor”, de Michael Haneke. O filme de Le Guay, é verdade, é menos denso e tenso que o de Haneke. Mas não menos triste quando cada um se coloca em perspectiva, seja no lugar de um ou de outro personagem.
Na trama, Claude Lherminier (Jean Rochefort), aos 80 anos, tenta manter a pose de galanteador, embora seus esquecimentos o peguem de assalto. Pobre da filha, Carole (Sandrine Kiberlain), que precisa se desdobrar para assistir o pai, garantir uma cuidadora que consiga dobrar as exigências dele e ainda dar conta de sua própria vida, com marido e filho.
As imagens misturam o presente e o passado em um vaivém constante. No início, vemos Claude dentro do avião em direção à Miami, na Flórida (EUA), para onde segue sozinho para visitar a filha mais nova.
Essa viagem, aliás, vai durar o filme todo, pois o trajeto é intercalado por outros acontecimentos que vão prendendo o espectador até chegar à conclusão do que se trata a viagem e as idas e vindas no tempo.
O ator francês Jean Rochefort não é conhecido do público brasileiro, mas ele já recebeu diversos prêmios César, por exemplo. Sua interpretação é singular. Consegue transitar entre o imponente ex-empresário/galanteador ao mesmo tempo em que sofre de esquecimentos repentinos, principalmente por se recusar a acreditar em uma verdade. Na sua idade, é mais seguro acreditar naquilo que quer, afinal, quem vai contrariá-lo?
Sandrine Kiberlain, que interpreta a filha dele, é mais conhecida por aqui. As produções francesas que protagoniza costumam ser exibidas no país, como “Mademoiselle Chambon”, o infantil “O Pequeno Nicolau” e a comédia “Uma Juíza sem Juízo”.
Para se ter uma ideia, além de “Flórida”, ela protagoniza o longa “Um Doce Refúgio” (“Comme un Avion”), que também faz parte do mesmo Festival Varilux de Cinema Francês, que exibe filmes francófonos até o dia 22 de junho, em mais de 50 cidades brasileiras.
Le Guay, também autor do roteiro, usa o bom humor para tratar da velhice sem o peso negativo. Faz bem. Rir continua sendo, como diz o dito popular, “o melhor remédio”. Ainda que nem sempre seja o suficiente.
Depois do Festival, o longa de Le Guay estreia em 11 de agosto nos cinemas brasileiros. Não se assuste, porém, com o nome da obra. É que depois do Varilux, o mesmo filme terá outro nome em português. Ele vai se chamar “A Viagem de meu Pai”.