Memória Cinematográfica

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Cartas de Iwo Jima

Aos 76 anos, o diretor Clint Eastwood continua mais ativo do que nunca. Depois de ganhar o Oscar de Melhor Diretor, com “Menina de Ouro”, em 2005, neste ano ele disputa outros prêmios com outros dois filmes. O primeiro, “A Conquista da Honra”, estreou dia 2, e o outro, “Cartas de Iwo Jima” (“Letters From Iwo Jima”), tem estréia apontada para 16 de fevereiro.

Ambos tratam da Segunda Guerra Mundial, mais precisamente no confronto entre americanos e japoneses. Um, do ponto de vista dos norte-americanos, o outro, dos japoneses. Não é preciso, porém, assistir a um para entender o outro. Mas seria uma “tarefa” bastante interessante, já que as imagens se encaixam e em muitas cenas é possível conectá-las.

A história parte de cartas deixadas pelos soldados da época que são encontradas muitos anos depois. O foco principal é no padeiro Saigo (Kazunari Ninomiya), que é surpreendido em sua casa por agentes do governo que o convocam a lutar na guerra. Saigo deixa a esposa grávida e tudo o que ele mais quer na vida é ver o seu filho nascer e crescer.

Há outros personagens também, como Baron Nishi (Tsuyoshi Ihara), um campeão eqüestre olímpico, Shimizu (Ryo Kase), um jovem policial e o tenente Ito (Shidou Nakamura), um austero militar, que preferiria suicidar-se a render-se.

No comando, o excelente ator Ken Watanabe, no papel do tenente-coronel Tadamichi Kuribayashi, cujas viagens aos Estados Unidos lhe mostraram a natureza sem esperança da guerra, mas também lhe deram a visão da estratégia necessária para enfrentar o grande exército americano que chegava à ilha, depois de atravessar o Pacífico.

Muito mais emocional do que prático, “Cartas de Iwo Jima” mostra ao espectador que os japoneses estavam muito mais interessados em conservar a dignidade do que mostrar soberania, como os americanos (tal como mostra “A Conquista da Honra”).

Com imagens em tonalidade sépia, Eastwood conta uma história emocionante, que envolve o sofrimento de famílias que esperam a volta da guerra, a angústia de enfrentar o inimigo com pouco armamento e o sacrifício de colocar a vida em risco em troca de patriotismo.

Falado totalmente em japonês, o longa venceu o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original, Melhor Efeitos Sonoros.

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