Depois de “Somos Tão Jovens”, longa-metragem que conta a história da Legião Urbana antes de a banda começar efetivamente, estreia em 400 salas do país o longa-metragem “Faroeste Caboclo”, inspirado na música de mesmo nome, escrita por Renato Russo.
A música faz parte do terceiro disco, “Que País É Este?”, mas foi escrita antes de a banda se formar, enquanto o líder, morto em 1996, cantava sozinho, com banquinho e violão, e era conhecido como o Trovador Solitário.
A canção é uma das mais famosas do grupo, tem uma história longa e talvez seja a música mais cinematográfica já escrita. Quando lançada, foi parcialmente censurada quando tocava nas rádios, mas os fãs decoraram cada um dos 159 versos e duração de pouco mais de nove minutos.
A história de amor, ódio e vingança tem começo, meio e fim. No tema central está João (Fabricio Boliveira), que saiu de Santo Cristo, no interior da Bahia, para arranjar confusão no Planalto Central. Depois de matar o assassino de seu pai, vai tentar a sorte em Brasília e é ajudado pelo neto bastardo do seu bisavô, Pablo (Cesar Troncoso). Depois de trabalhar na carpintaria e ver que o que dava dinheiro era o tráfico de drogas, ele conhece Maria Lúcia (Isis Valverde), filha de um senador (Marcos Paulo, em sua última atuação no cinema, morto em 2012). Por conta de sua classe e sua cor também acaba tendo que driblar preconceitos e o seu maior inimigo, o traficante de renome Jeremias (Felipe Abib).
Embora Faroeste Caboclo conte uma história completa, no momento em que ela é passada para a ação no cinema foram necessárias adaptações para que fizesse sentido. A reconstrução de Brasília da época foi uma das melhores opções feitas pela equipe. Ficaram de fora algumas cenas, que podem continuar na imaginação do espectador. De qualquer maneira, o roteiro é bastante fiel à criação de Renato Russo, o que torna o filme de René Sampaio, em sua estreia em longas-metragens, bastante previsível. Há a história clássica do negro, bandido, pobre de um lado; a mocinha rica que se apaixona por ele, mas é disputada por um outro branco, que frequenta a nata da cidade na época.
Os fãs não vão achar ruim, ao contrário, e vão poder conferir que cada personagem da música que costumavam cantarolar nos anos 1980 têm cara, história e emoção. Ao final, duvido que algum espectador, fã da Legião Urbana, deixe a sala de projeção durante os créditos!