Produzido em 2006 e exibido no ano passado nos Estados Unidos e na Europa, o longa-metragem “Apenas uma Vez” (“Once”) finalmente chega aos cinemas brasileiros no dia 18, depois de ter passado por duas semanas de pré-estréia em São Paulo.
A idéia do filme, escrito e dirigido por John Carney (“À Beira da Loucura”), era ser um musical. Mas, conforme ele escreve no material divulgado para a imprensa, que não tivesse os mesmos moldes dos clássicos musicais dos anos 1940, cheio de música e dança, ainda que utilizasse as canções para contar uma história.
Como Carney, antes de se tornar cineasta, era baixista na banda The Frames, de Dublin, na Irlanda, sua terra Natal, ele encomendou ao vocalista e líder Glen Hansard que compusesse algumas canções porque ele tinha a intenção de fazer um filme. Então, papo vai, papo vem, os dois conseguiram dez músicas e um roteiro. A partir daí era só dar um pontapé para ter a produção concluída.
Embora não fosse a intenção inicial de Carney, Hansard acabou virando o ator principal de seu filme. Seu personagem ganha a vida tocando violão nas ruas de Dublin, mas também ajuda seu pai em uma loja de aspiradores de pó. Num certo dia, uma garota tcheca (Markéta Irglová) o aborda enquanto vende rosas nas ruas e diz para o rapaz que seu hobby é tocar piano.
Eles vão desenvolver uma amizade totalmente previsível, mas a forma como tudo acontece é que vai instigar, surpreender e emocionar o espectador. Embora não seja ator, Glen Hansard consegue extrair do seu personagem a profundidade que ele precisa. Ao mesmo tempo, a pianista Markéta Irglová, musicista completa na vida real e com apenas 19 anos, dá o toque que sua personagem tímida pede.
Em certas passagens, o filme dá sinais de tristeza, mas muito menos do que aparentava no trailer. Sem dúvida, o ponto alto da fita é a sua trilha sonora. A Academia de Hollywood, aliás, reconheceu esse fator e premiou o longa com o Oscar 2008 de Melhor Canção Original, pela música “Falling Slowly”.
Como também é possível perceber, os personagens principais não têm nomes, são poucos os secundários e o orçamento foi baixo. John Carney, então, utilizou o seu talento para explorar os cenários da capital irlandesa, onde filmou dentro de ônibus e nas ruas da cidade, revelando o segredo dos becos.
Os personagens, com química que funciona, cantam e tocam como se estivessem fazendo uma serenata para a platéia. Nada de ser piegas. Eles mostram que um musical ainda pode contar boas histórias.