Na fita, dr. Martin Harris (Liam Neeson) sofre um acidente quando chega a Berlim, na Alemanha, e acorda depois do coma de quatro dias. A partir de então, começa a tentar lembrar o que está fazendo na cidade e a juntar as peças para descobrir quem realmente é.
Na verdade, Harris chegou à capital alemã com a esposa, Liz (January Jones), mas estava sozinho durante o acidente. Isso porque uma de suas malas ficou no aeroporto e, quando voltou com a taxista, Gina (Diane Kruger, de “Bastardos Inglórios”), sofreu o acidente de carro.
No início, a narrativa, baseada no livro homônimo do francês Didier van Cauwelaert, apresenta o personagem, de modo a fazer o espectador se apegar a ele e querer conhecer a sua história, principalmente porque o tempo inteiro o filme tenta confundir a plateia.
Isso porque os dois lados não sabem o que está acontecendo. E, durante a jornada para saber quem é, pelas ruas frias de Berlim (com muitas imagens dos pontos turísticos), o espectador acompanha cada passo do protagonista, uma vez que sua esposa diz que não o conhece, começa a ser perseguido e até a taxista com quem estava durante o acidente foge dele e também sofre ameaças.
Liam Neeson (de “A Lista de Schindler”) convence o tempo inteiro. Seu temperamento doce faz com que acreditemos que está falando a verdade. O mesmo, porém, não é possível dizer de January Jones que, apesar de ser bonita, não é uma boa atriz e o espectador sabe que ela não está falando a verdade.
Por falar em verdade, há ainda um confronto em dr. Harris verdadeiro e o impostor, vivido por Aidan Quinn, e os dois têm o mesmo histórico. E, na cena hilária, ambos falam as mesmas frases diante de um outro personagem.
O diretor Jaume Collet-Serra (“A Órfã”) é ágil com a sua câmera como deve ser nas cenas de ação. Por exemplo, no duelo de carro, quando aparecem duas máquinas genuinamente alemãs, o clássico Mercedes-Benz, e do esportivo Touareg, da Volkswagen.
Ao mesmo tempo, quando o clima do roteiro pede algo mais intimista, Collet-Serra não erra. Quando o personagem está no hospital, há cenas que remetem ao “Escafandro e a Borboleta”.
Durante 113 minutos de projeção, “Desconhecido” envolve o espectador e faz com que ele queira conhecer a história real de dr. Harris, que, como um bom suspense, consegue segurar até as cenas finais.