Prepare-se para assistir na tela grande uma das maiores críticas ao uso excessivo das redes sociais.
“O Círculo” (“The Circle”), longa-metragem que traz Tom Hanks e Emma Watson nos papéis principais, estreia nesta quinta-feira, 22, nos cinemas.
Emma é Mae Holland, uma universitária que vive em San Francisco e sonha em trabalhar na mais poderosa empresa de tecnologia do planeta. Ela e todos os jovens da sua geração. O que não levam em conta, porém, é o preço que se paga para fazer parte dessa revolução digital.
Não por acaso, o longa, inspirado em livro homônimo de Dave Eggers, se passa no Vale do Silício, local onde estão instaladas as companhias gigantes como Google, Apple e Facebook.
No palco, a apresentação da empresa é feita por seu fundador, Eamon Bailey (Hanks). Hora do show. E lembra bastante os episódios nos quais Steve Jobs marcava encontro com os funcionários da Apple e transmitia pela internet, a cada ano, quando apresentava os novos produtos da sua Apple. Até a calça jeans usada pelo ator com a blusa de gola alta lembram o CEO morto em 2011.
Mas, na apresentação, o chefe vai vender o SeeChange, uma câmera do tamanho e no formato de uma bola de gude. Simples de ser instalada e usada, ela permite o compartilhamento de detalhes da vida de cada um ao redor do mundo.
Em uma das passagens, Mae, que acabara de ser contratada, conta que, no fim de semana, fora sozinha remar com seu caiaque sob a Golden Gate. “E você não postou nada? Que baixa autoestima”, avalia a funcionária da empresa que monitora as atividades on e offline dos colegas.
A partir de então Mae passa a ser transparente, ou seja, a andar com uma câmera pregada à lapela com a finalidade de documentar todos os seus movimentos: desde a hora em que acorda até quando fecha os olhos para dormir. Todos os dias. Ela, aliás, passa a viver dentro da organização e a ter todos os passos monitorados.
Quem liga para o que ela faz?
Também autor do roteiro, o jovem diretor James Ponsoldt, não creditado por nenhum longa-metragem, sufoca o espectador com imagens perturbadoras do cotidiano e a busca constante da organização em ser líder e conquistar cada vez mais gente conectada à sua rede de relacionamento. E, na tela, as mensagens pululam em vários idiomas dando a ideia dos comentários sendo enviados em tempo real em que a cena está se passando.
Ufa!
Qualquer semelhança com aquele “amigo” no Facebook que escreve tudo o que faz durante o dia, ou aquele que posta no Instagram a foto de todos os seus movimentos (da selfie na viagem de férias ou tomando um simples cafezinho expresso após o almoço diário) não terá sido mera coincidência.
Como filme, “O Círculo” não será lembrado. Emma Watson, que é um boa atriz, tem representação linear –culpa do diretor, que não soube explorar a profissional. Porém, o longa fica como marco de um momento em que as pessoas deveriam (ou não, sei lá) começar a pensar no que são as redes sociais. E que a linha entre o que é público e o que é privado está se tornando cada vez mais tênue.
Este é o futuro que estamos buscando?