É sentado no banco de trás de um Lincon preto, que o advogado Mick Haller (Matthew McConaughey, de “Como Perder um Homem em 10 Dias”) vai fazer suas negociações, geralmente com traficantes, motoqueiros e prostitutas. Seu charme, porém, é um caso a parte. Embora não precise seduzir nenhuma mulher para conseguir o que quer, sua sedução é toda direcionada para a plateia. E faz bem feito.
Em “O Poder e a Lei” (“The Lincoln Lawyer”), longa-metragem que estreia nesta sexta-feira, 27, nos cinemas, McConaughey vai ter de provar que pode dobrar a lei com poder (já que negocia com os bandidos e com a polícia), quando recebe o caso do jovem playboy Louis Roulet (Ryan Phillippe, de “Crash – No Limite”), que foi detido por agressão e tentativa de estupro. Em um primeiro momento, o garoto até convence que é inocente, mas quando o advogado pede ajuda ao seu amigo investigador, percebe que o caso não será tão fácil assim.
Baseado no best-seller homônimo de Michael Connelly, a fita é repleta de reviravoltas e, ainda que o espectador não entenda sobre leis e regras, as personagens vão contando o que está acontecendo e cada passo dado dos dois lados. No jogo do vai e vem, o espectador vai com o advogado juntando as peças, embora ele vá induzindo sob o seu ponto de vista.
Para completar o eixo familiar do advogado (afinal de contas, sim, ele vai ser ameaçado a certa altura), está a ex-mulher Maggie, vivida por Marisa Tomei (“O Lutador”). Os dois foram casados e têm uma filha. Eles se respeitam e ela é uma bem sucedida advogada que também o apóia, embora não em todas as suas crenças.
Mick é conhecido por ser um verdadeiro advogado de “porta de cadeia”, mas sabe como ganhar bastante dinheiro, principalmente quando precisa defender criminosos envolvidos com o tráfico de drogas. Ele dá um jeito: livra a cara de seu cliente e, em troca, ganha milhões de dólares.
Com direção de Brad Furman e roteiro de John Romano (de “Noites de Tormenta”), “O Poder e a Lei” é um filme que prende a atenção do espectador do início ao fim, pois o instiga a tentar descobrir se, de fato, o rapaz é culpado ou inocente. Porém, mais do que isso, o espectador vai descobrir como os autores vão costurar o thriller de modo a fazer as reviravoltas necessárias.
Com tantos outros filmes que envolvem depoimentos e acusações, como “O Júri”, ou até mesmo quando Robert de Niro vive o padre que vai depor em favor dos rapazes que passaram pelo reformatório, em “Sleepers – A Vingança Adormecida”, além de tantos outros, incluindo “Filadélfia”, protagonizado por Tom Hanks, “O Poder e a Lei” se difere, pois, embora esteja sentado no banco de trás do Lincon, carro que dá nome original ao filme, o advogado não vive cercado de luxo, com um escritório que ocupa um prédio inteiro. Ao contrário. Seu escritório é o próprio carro e ele ainda conta com uma assistente que é especialista em fazer pesquisas pela internet.
“O Poder e a Lei” é um thriller inteligente e que funciona, além de prender a atenção do espectador do início ao fim com diálogos bem construídos que resumem desde o condenado erroneamente, até o típico “filhinho de papai” que apronta e depois não quer agüentar as conseqüências.