Memória Cinematográfica

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A Origem

Blockbuster Estreia Imax 6 agosto 2010
Jogos psicológicos, quebra-cabeças, ação. Dez anos após “Amnésia” (título em português para “Memento”, de 2000), Christopher Nolan vem com mais um filme que obriga o espectador a prestar atenção a cada detalhe para ir juntando as peças. Se no filme anterior o tema é uma investigação, em “A Origem” (“Inception”) há uma discussão sobre o mundo dos so­nhos. 

Na tela, Leonardo DiCaprio é Dom Cobb, um especialista em roubar segredos do subconsciente durante o sono. No entanto, com a investigação corporativa, seu desafio é fazer o inverso: inserir uma ideia na cabeça da pessoa.

Rapidamente (e para não fazer o leitor se perder no labirinto de ideias de Nolan), esta é a narrativa do longa escrito e dirigido por ele, também autor de “Batman – O Ca­valeiro das Trevas”, uma obra-prima, ainda que se trate de uma his­tória baseada em super-herói, mas que ele conseguiu fazer de maneira audaciosa e agradar tanto o público como a crítica.

Embora a história pareça básica, é o modo de filmar que ganha destaque, bem como a montagem de como o filme é apresentado. Ou seja: o modo não-linear novamente entra em ação fazendo as idas e vindas no tempo, além de mesclar o imaginário com o real.

Durante duas horas e meia, Nolan brinca com o sonho e com a realidade, insere so­nho dentro de sonho. E, para cola­borar com a loucura do especialista e de seu contratante, o empresário japonês (Ken Watanabe), entram em ação uma arquiteta (Ellen Page), res­ponsável por desenhar os sonhos e deixá-los, de certo modo, arrumados demais; a ex-mulher de Cobb (Ma­rion Cotillard, ótima!); o professor e sogro do protagonista (Michael Caine); seu parceiro (Joseph Gordon-Levitt, de “(500) Dias Com Ela”), responsável pelos detalhes técnicos, juntamente com o falsário (Tom Hardy); o alvo, ou seja, o rapaz que terá sua mente vasculhada (Cillan Murphy).

E com a premissa de que é possível fabricar sonhos (e para isso o protagonista prova que já fez antes), as cenas vão se misturando. No meio do thriller ainda há um melodrama, que mistura o romance do protagonista com a esposa, mas até que se justifica no contexto.

O filme não para. O thriller finaliza um acontecimento e, depois do clímax, já tem outro desenvolvimento para instigar ainda mais o espectador. Além das cenas de ação, a fita explora o lado psicológico das personagens, fazendo-as bem cons­truídas, de modo que o espectador se importe e torça por elas.

Assim como em “Batman”, em “A Origem” tudo é superlativo. Além de filmagens em estúdio, a fita se passa em locações no Marrocos, no Canadá, no Japão, na França, nos Estados Unidos. A cena dos prédios concebidos por Georges-Eugène Haussmann, em Paris, sendo virados ao contrário, é incrível.

Para completar, a trilha sonora tem a assinatura de Hans Zimmer (“Sherlock Holmes”), que escalou a guitarra tocada por Johnny Marr, do The Smiths, e Edith Piaf, que entra toda vez que alguém vai sonhar.

Da junção de roteiro inte­li­gente com direção precisa, mon­tagem ágil, efeitos especiais no ponto, elenco perfeito, tri­lha envolvente não pode restar dúvida de que se trata, sim, de um dos melhores filmes de todos os tempos.

As bilheterias norte-americanas confirmam: “A Origem” fechou o terceiro final de semana seguido em pri­meiro lugar desde a sua estreia e já soma US$ 193,4 milhões de arre­cadação. Aos mais detalhistas, a fita, que será lançada nesta sexta-feira, 6 de agosto, poderá ser vista também na versão Imax, que é, inclusive, o modo como eu vi (não confunda com 3D). Vale a pena disputar um ingresso na única sala com tela gigante, cristalina e som de primeira que temos em São Paulo, no Shopping Bourbon Pompéia.

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