Memória Cinematográfica

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Educação

Estreia Europeu Globo de Ouro Oscar 19 fevereiro 2010

Nick Hornby é um apaixonado por música, literatura e, vá lá, cinema. Entre outros, é autor do romance “Alta Fidelidade”, cujo livro ganhou as telas e fez muito sucesso com o protagonista vivido por John Cusak, viciado em “top 5”, ou seja, em tudo o que fala ou pensa, inclui uma lista com cinco itens. Desta vez, ataca de roteirista. A partir do texto autobiográfico da jornalista Lynn Barber, publicado na revista literária “Granta”, sobre seu primeiro namorado, Hornby escreveu o roteiro de “Educação” (“An Education”), longa-metragem que estreia após receber três indicações ao Oscar 2010 (melhor filme, atriz, roteiro adaptado).

Na Inglaterra dos anos 1960, a adolescente Jenny (Carey Mulligan) vive sufocada com os estudos e com a pressão do pai autoritário (Alfred Molina), que a obriga a estudar latim para ingressar em Oxford, embora ela goste mesmo de francês e queira ir a Paris ver filmes, ler livros, ouvir os cantores franceses, fumar seus cigarros, vestir roupas pretas, uma vez que, do outro lado do Canal da Mancha, o mundo lhe parece mais livre que na imensa ilha que habita. Para ela, o mundo perfeito tem nome: Paris.

O marasmo começa a mudar quando, ao sair da aula de violoncelo, ela conhece David (Peter Sarsgaard), um bon vivant mais velho que ela e faz “negócios” com obras de arte. Como entende de música clássica (e pode levá-la a concertos e a frequentar os mesmos locais da nata londrina), ela aprende a apreciar restaurantes, deixa de lado os estudos e, com as amigas da escola, compartilha de suas experiências (inclusive o sexo, que, segundo ela, “Todas essas poesias, e todas aquelas canções, sobre algo que leva tão pouco tempo?).

Nesta transição, portanto, ela vai aprender que a tal educação não está apenas nos livros, embora a escola não possa ser menosprezada, pois a professora e a diretora têm algo a ensinar. E é essa vida cheia de ilusões que ela quer.

Com direção da dinamarquesa Lone Scherfig, “Educação” discute os problemas da vida no Reino Unido da época, uma vez que tinha ficado para trás, se comparado aos Estados Unidos e à França e cuja população preza pela “liberdade, igualdade e fraternidade”.

O espectador vai se confrontar também com as atitudes do pai que, ao mesmo tempo que quer mandar, é medroso e não se sente confortável em ir para a França por não ter, por exemplo, o dinheiro daquele país, uma vez que naquele período pós-Segunda Guerra Mundial, tratava-se de um transtorno o câmbio de moedas.

Como foi inspirado no primeiro namorado de Lynn Barber, a fita retrata o que compõe o primeiro amor: apresentar à família, conhecer os amigos, apreciar os locais e as coisas pela primeira vez, ainda que o rapaz já o tenha feito antes. Para ela, desfrutar dessas maravilhas tem os lados bom e o ruim. E isso o filme também mostra.

O filme traz figurino e o retrato de uma Londres fria e cinzenta dos anos 1960 e trilha sonora (bem escolhida, aliás!) para o espectador apreciar e sintonizar os costumes, as pessoas, os amores.

“Educação” reflete a juventude de hoje, ainda que não sob as mesmas circunstâncias e sob os mesmos aspectos. No entanto, é possível, sim, se identificar com a personagem, ainda que, aparentemente, os pais não exerçam hoje em dia tanta influência nas escolhas dos filhos como há 40 anos.

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