Memória Cinematográfica

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O Curioso Caso de Benjamin Button

Estreia Oscar 16 janeiro 2009

Já pelo tema de “O Curioso Caso de Benjamin Button” (“The Curious Case of Benjamin Button”) – um homem que nasceu velho e morreu quando virou um bebê – os espectadores vão se interessar em assistir ao filme – em minha opinião. Junte-se a isso a competente direção do ousado David Fincher (de “Seven – Os Sete Pecados Capitais”) e às brilhantes interpretações de Cate Blanchett e Brad Pitt.

No início, uma senhora em estado terminal que está internada pede à filha (Julia Ormond) que leia um antigo diário de memórias. Enquanto ela lê em voz alta, as imagens começam a aparecer e a mostrar as cenas que estão sendo ditas, além de ter o personagem-título como narrador na sequência.

A fita é uma adaptação do romance que data de 1920, de F. Scott Fitzgerald, e se passa em Nova Orleans, no estado de Louisiana, nos Estados Unidos. Com diversas idas e vindas, a história começa a ser contada nos dias atuais e, em sequências não-lineares, apresenta a vida de Benjamin, que nasceu no último dia da I Guerra Mundial, em 1918. O bebê, aliás, nasce e sua mãe morre no parto. Desesperado, principalmente por conta do aspecto da criança, o pai o deixa na porta de uma casa onde só vivem idosos. Quando Queenie (Taraji P. Henson), a zeladora do local, encontra o bebê na escada, não hesita em colocá-lo dentro de sua casa (e de sua vida).

A partir de então, Benjamin fará o caminho inverso dos outros idosos que estão por ali. E é assim, na contramão, que a cada dia ele aprende a se despedir de um amigo, vai a enterros, acumula conhecimentos. Quando completa 17 anos, deixa a casa da mãe e vai trabalhar em um barco. No além-mar, o capitão Mike (Jared Harris) lhe mostra a vida, os prazeres que estão nos bordéis, a bebida, os amores em diversos portos.

Quando deixa a casa de sua mãe, Benjamin deixa também a amiga Daisy. No entanto, quando retorna com vinte e poucos anos, a reencontra e, neste momento, recomeça uma história de amor, com personagens sem a maquiagem que usavam até então, ou seja: hora de apreciar Brad Pitt tal como ele realmente é. É o momento que Fincher apelidou de “ponto doce”, no meio, quando estarão prontos para estar juntos. A menina Daisy, na verdade, também virou um mulherão (Cate Blanchett), que mora em Nova York e faz parte do corpo de baile de uma companhia de balé.

Na ocasião, aliás, Cate faz performances arrasadoras como bailarina quando dança para ele em um gazebo – uma das sequências mais emocionantes da fita, com a fotografia de tirar o fôlego.

Por falar nos personagens, vale lembrar que nesta fita, por exemplo, Brad Pitt mostra que não é apenas mais um rosto bonito de Hollywood e que sabe dizer frases engraçadas ao lado de amigos, tal como fez por três vezes na trilogia que começou com “Onze Homens e um Segredo”. Como Benjamin Button (nome que recebeu depois de reencontrar o pai, que era fabricante de botões), Pitt já recebeu, por exemplo, indicação de Melhor Ator ao Globo de Ouro (mas perdeu para Mickey Rourke, de “O Lutador”), indicação ao Bafta (o Oscar inglês) e tem todo o jeito de ir de mãos dadas ao Oscar com a esposa Angelina Jolie. Isso porque ele só aceitou o papel com a condição de que faria o personagem, durante o tempo todo, seja ele velho ou novo. Com ajuda de computação gráfica e maquiagem, ele se apresenta ao espectador de maneira brilhante, com verdade no olhar e convence que aquelas rugas do início da fita poderiam ser dele, sim. No entanto, não há como negar que em cenas como quando ele aparece pilotando uma Harley-Davidson ou quando está a bordo de um veleiro são de tirar o fôlego das moças plantão na sessão de cinema.

Se no decorrer do longa Benjamin aprendeu a lidar com a morte e a pensar no próximo, o espectador também se satisfará com isso, pois, maduro o suficiente, mas com cara de menino, o personagem mostra que precisa tirar o time de campo para sua esposa criar a filha com bons exemplos.

Com roteiro de Eric Roth, o mesmo de “Forrest Gump – O Contador de Histórias”, “O Curioso Caso de Benjamin Button” entra em circuito nacional nesta sexta-feira, dia 16 de janeiro, e traz a união perfeita entre o cineasta que está com a batuta comandando a orquestra, o roteiro bem-traçado, e dois atores de primeira categoria sendo rodeados por tantos outros do mesmo quilate – senão acima!

Vá ao cinema preparado: escolha uma poltrona confortável, aconchegue-se e deixe a caixa de lenços a postos. Assim, estará pronto para assistir a quase três horas de filme. Ou melhor, a um ótimo filme!

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