Memória Cinematográfica

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Cinturão Vermelho

Estreia 20 junho 2008

Depois de passar cinco anos treinando com o mestre do jiu-jítsu, o brasileiro Renato Magno, e na companhia de seus colegas e primos, os Machado e os Gracie, o diretor norte-americano David Mamet (de “O Assalto”, 1999) resolveu escrever um filme sobre este mundo. “Cinturão Vermelho” (“Redbelt”) estréia nesta sexta-feira, dia 20 de junho.

A fita se passa em Los Angeles e inicia com o treinamento da arte marcial em uma pequena academia. Mike Terry (Chiwetel Ejiofor, de “O Gângster”) é o protagonista e costuma treinar em seus tatames gente de todo tipo, incluindo um policial (Max Martini). Na verdade, ele prega, durante o tempo todo, que não luta para competir, mas para treinar as pessoas para a vida, como defesa pessoal, combater os bandidos etc.

No entanto, alguns incidentes levam ele e sua esposa Sondra (a brasileira Alice Braga, que aparece nas primeiras seqüências do filme) passarem por dificuldades financeiras.

Como forma de continuar com a academia aberta, ela mantém um negócio paralelo, mas o casal ainda precisa optar por algumas outras coisas que vão surgindo no meio do caminho. A certa altura, entram em cena uma advogada (Emily Moritimer) e o cínico astro de cinema Chet Frank (Tim Allen ótimo!), que está filmando cenas de lutas e pede ajuda ao treinador para coreografá-las.

Alice Braga, aliás, faz o papel de uma brasileira que compra tecidos no Brasil. É aquela mulher que cuida do marido, paga as contas, se desdobra. Quem a viu em “Cidade de Deus”, em “Cidade Baixa” ou até mesmo em “Eu Sou a Lenda”, por exemplo, pode conferir que trata-se de uma atriz promissora. Nesta fita, porém, ela exagera nas caras e bocas e dá impressão ao espectador que ela está, de fato, interpretando.

O irmão de sua personagem, Bruno (Rodrigo Santoro), é um apostador das lutas de vale-tudo e sempre dá um jeito de ganhar dinheiro com elas, pois assume que essas competições são arranjadas. Principalmente por conta dos brasileiros em cena, o longa-metragem tem diálogos em inglês e em português. Santoro, que já fez inúmeras participações em longas internacionais, como em “300“, “Simplesmente Amor”, “As Panteras – Detonando”, além de outros que ainda não estrearam, tem desenvoltura, os diálogos são bem-interpretados e mais ainda quando fala, naturalmente, o português bem carioca que lhe é caro.

Embora sua participação na fita seja pequena e só aconteça depois dos primeiros 15 minutos, ela é marcante. O fato, aliás, é apontado por ele durante entrevista coletiva, já que o cartaz do filme exibe as fotos de Alice e dele bem grandes, enquanto o protagonista aparece bem pequeno. “Lá fora, o cartaz não tem a minha foto, só meu nome. É o tal do marketing, né?”, ironiza.

O filme, assim como “Menina de Ouro” , de Clint Eastwood, por exemplo, não trata exclusivamente de artes marciais, pois discute também a ética dessas lutas, além de gratidão, reconhecimento, direitos autorais, falta de escrúpulos, honra, ganância, lealdade. Embora no início ele seja um pouco violento, as cenas de combate cedem espaço para outras interpretações.

No entanto, em determinado momento a narrativa perde o foco e, na ânsia de terminar com a história transmitindo a melhor das mensagens, David Mamet perde a linha e, infelizmente, deixa a desejar com o seu final bizarro, totalmente previsível e desnecessário. Uma pena.

*Post também pode ser lido em: http://www.cinenet.com.br/estreias_critica.asp?id=594

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