Memória Cinematográfica

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Sweeney Todd: o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet

Estreia Oscar 8 fevereiro 2008

A contar pelo trailer, não dá para imaginar que o longa-metragem “Sweeney Todd: o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” (“Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street”), que estréia sexta, dia 8, é um musical de terror. Mas acredite: há muito sangue, morte e os diálogos são cantados.

Talvez por esses motivos, aliás, pode-se dizer que trata-se de uma produção difícil, principalmente no sentido de agradar a todos.

O filme é baseado em peça que estreou na Broadway em 1979, pelas mãos de Stephen Sondhein, autor das letras, e Hugh Wheeler. A fita, porém, é dirigida por Tim Burton, e no início traz Johnny Depp chegando de barco a Londres, navegando pelo rio Tâmisa, após ter ficado por muitos anos preso injustamente por determinação do juiz Turpin (Alan Rickman). Na ocasião, ele era Benjamin Barker, mas quando conhece Nellie Lovett (Helena Bonham Carter, que interpretou Bellatrix Lestrange em “Harry Potter e a Ordem da Fênix“), dona de uma loja de tortas, ele passa a se chamar Sweeney Todd e volta a ser barbeiro. No entanto, ele promete vingança contra o juiz que o condenou.

No meio do caminho, Todd se depara com o barbeiro concorrente, o engraçadíssimo italiano Pirelli, interpretado por Sacha Baron Cohen, ator que saiu do anonimato após protagonizar o filme “Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão”. Seu sotaque italiano e o enorme bigode dão o toque.

Este é o quinto filme em que trabalham juntos Depp e Burton. A primeira parceria foi em “Edward, Mãos de Tesoura”, em 1990, seguido por “Ed Wood” (1994), “A Fantástica Fábrica de Chocolate” (2005) e “A Noiva-Cadáver“, no mesmo ano. Após tantos trabalhos juntos, é possível perceber a sintonia que ambos têm e como o barbeiro caiu “feito uma luva” para Depp, pois ele quase sempre interpreta personagens caricatos, haja vista ele ter feito a trilogia “Piratas do Caribe“.

Na cena em que ele aparece de “cara lavada”, aliás, é quase irreconhecível, mas quando encarna Sweeney Todd, Depp demonstra estar à vontade. Como teve uma banda na adolescência, cantar 12, das 20 músicas do enredo – como uma versão de “Pretty Women” -, não foi tão difícil quanto pareceu.

Embora muitos torçam o nariz para musicais, já que não se trata de nenhum “Cantando na Chuva”, este não chega a ser cansativo. Ao contrário, pois as rimas das músicas são bem-feitas e a interpretação de bons atores completa a beleza.

Helena Bonham Carter também é afinada, assim como Alan Rickman, que fez o professor Severo Snape em todos os filmes da franquia “Harry Potter”, ataca de cantor e se sai bem.

O cenário é a reconstrução de Londres do século 19, mas sem se apegar aos detalhes históricos. Então, o desenhista Dante Ferretti deu à fábula um visual estilizado. A fotografia do filme é sombria e remete a filmes noir, com toque azulado, sem adicionar nada de cor. Colorido mesmo é o sangue que escorre o tempo todo, já nos créditos iniciais do filme.

Burton abusa dos travellings no início da fita, além de planos-seqüências (sem cortes). O filme tem ritmo e o roteiro de John Logan (“O Aviador“) é bem-escrito.

Mais uma vez, Johnny Depp toma conta como o barbeiro excêntrico, mas que pode fazer muita gente na platéia pensar duas vezes antes de se entregar a um profissional desses depois que assistir à produção.

“Sweeney Todd: o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” não é um filme fácil, mas vale ser visto. Neste mês, o longa concorre a três Oscars: Ator (Johnny Depp), Direção de Arte e Figurino. Só resta torcer a favor!

*Post também pode ser lido no Fale Com Elas

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