Mestre do suspense, o diretor Alfred Hitchcock deixou, além de belíssimos filmes e referências na arte da direção, muitos seguidores, que vêem na sua obra exemplos de como fazer um bom filme.
Hitchcock morreu em 1980, e ainda hoje é referência. Brian de Palma, por exemplo, é um nítido seguidor seu e abrilhantou o cinema com “Os Intocáveis” (1997).
A partir de sexta-feira, 6 de outubro, ele volta às telas com mais uma obra que é uma referência aos filmes de Hitchcock. “Dália Negra” (“The Black Dahlia”), que abriu a 63ª edição do Festival de Veneza, merece ser visto e respeitado.
O longa-metragem é uma adaptação do livro homônimo de James Ellroy e conta a história de Elizabeth Short, uma jovem determinada a ser famosa, cujo corpo é encontrado torturado e retalhado em um terreno baldio de Los Angeles. O mote é a busca do assassino, que faz o espectador colar na cadeira e prestar atenção a cada detalhe da costura feita para se chegar ao verdadeiro criminoso.
Ambientado nos anos 40, o longa no maior estilo noir mostra dois policiais ex-pugilistas Lee Blanchard (Aaron Eckhart) e Bucky Bleichert (Josh Hartnett) designados a investigar a morte da moça que, por usar sempre preto, recebeu o apelido de Dália Negra.
Lee, casado com a sensual Kay (Scarlett Johansson), se vê levemente ameaçado pelo companheiro, já que se debruçou na busca do crime e deixou sua esposa de lado.
Os três formam um grupo bastante unido, que muitas vezes jantam juntos e compartilham de momentos alegres, sem qualquer insinuação de traição. Bucky, por sua vez, se vê atraído por Madeleine Linscott (Hilary Swank), uma moça da alta sociedade bastante enigmática, que esconde muitos mistérios sobre a sua vida e a de sua família.
Bucky é o principal narrador da história, que vai apresentando ao espectador os acontecimentos. Ele tenta descobrir, ao lado do parceiro Lee, como o crime aconteceu, e percebe que Lee está consideravelmente balançado e envolvido com o crime, a ponto de deixar Kay de lado para tentar resolver o mistério. Scarlett Johansson, aliás, a nova queridinha do diretor Woody Allen, cumpre o seu papel de esposa, é sensual sem ser vulgar, e muito atraente.
A Oscarizada por sua atuação em “Menina de Ouro“, Hilary Swank, faz o papel de uma sedutora que prefere levar o policial para cama a ter que aparecer nas páginas dos jornais como a socialite lésbica que freqüenta casas especializadas em homossexuais. Sempre misteriosa, ela consegue despistar os policiais e também o espectador.
Os diálogos longos, personagens bem construídos e o figurino de época fazem de “Dália Negra” um filme potencialmente bom. Brian de Palma faz muitas movimentações de câmera, executa “travellings” extensos e fantásticos (referência nítida de Hitchcock), poupa os cortes secos. Sem dúvida um ótimo legado de Hitchcock.