Histórias de amor puro, à moda antiga, cheias de cerimônia, são difíceis de ver hoje em dia. Contada no cinema, então, parece coisa impossível, já que o que vende são amores fugazes, com imagens de sexo (às vezes até explícito). “Orgulho e Preconceito” (“Pride & Prejudice”), que chega às telas nesta sexta, 10, é uma dessas obras-primas bonitas de se ver.
O longa-metragem, dirigido por Joe Wright (da série de TV “Charles II: The Power & the Passion”), é baseado no romance de Jane Austen. O conto, aliás, já apareceu na televisão e no cinema no passado.
Desta vez, no entanto, a fita volta com crédito e torcida para o Oscar 2006, uma vez que recebeu quatro indicações: melhor atriz (Keira Knightley), direção de arte, figurino e trilha original.
Ambientado na Inglaterra do século 18, a fita mostra as pessoas preocupadas com as classes sociais, a ânsia das mulheres em arrumar um bom casamento (talvez seja possível traçar um comparativo à Bridget Jones dos dias de hoje!), a pressão que cai sobre os seus ombros quando a idade é questio-nada, uma vez que as moças se casavam jovens.
A mãe (vivida por Brenda Blethyn, ótima) das cinco irmãs Bennet, Elizabeth (Keira Knightley), Jane (Rosamund Pike), Lydia (Jena Malone), Mary (Talulah Riley) e Kitty (Carey Mulligan), tem fixação em encontrar maridos que lhes assegurem seus futuros, já que a família está falida. Mas a bela Elizabeth, a Lizzy, que adora dançar, é inteligente, irônica e orgulhosa, se empenha em ter um marido que tenha mais do que dinheiro: que lhe ame e que ela o ame também.
Quando o solteiro e ricaço Bingley (Simon Woods) começa a freqüentar uma mansão vizinha, as Bennet vão à janela espiar, participam dos bailes promovidos nos arredores com muita música e, principalmente, dança. E é em um baile, com as mulheres usando vestidos longos e botas com cano alto, que Jane conhece Bingley e eles se encontram, mas o romance é desfeito.
Na mesma ocasião, Lizzy conhece Darcy (Matthew Macfadyen), um moço misterioso e arrogante, cujas intenções não são claras. Ele, como pouco fala, não demonstra os seus sentimentos, recusa a dança com a moça, não faz questão de sua companhia afinal.
Mesmo que os encontros com Darcy não sejam encorajadores, ela recusa o casamento com Collins (Tom Hollander), um primo distante. Sua mãe, porém, não se conforma, uma vez que tal união garantiria a moradia perpétua dela e de suas irmãs.
Com participação especial de Judi Dench como a megera Catherine de Bourg, o longa é pura poesia. Logo no começo, a movimentação da câmera é impecável: um passeio sem cortes dentro da casa dos Bennet apresenta os personagens. O sotaque britânico ambienta a história, assim como as formalidades dos personagens.
Um verdadeiro colírio para os olhos, com imagens e músicas harmônicas e personagens bem estruturados. Com certeza uma verdadeira obra de arte para a família toda.